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07-10-2004

Os jovens, na Ribalta, desafiam tudo e todos


Opinião

A sociedade vai acordando para a atenção aos jovens. Por bons motivos, como o reconhecimento do seu significado social, e por outros mais utilitários, como as variadas propostas da publicidade orientada para eles. Há um ano, o DN titulava uma página inteira do modo seguinte: “Jovens inundam planeta terra”. Aí se dizia que a ONU procurava investir no grupo social com menos de 25 anos. Metade da população mundial, ou seja, 3,1 mil milhões. Também em Portugal, 30% da população tem menos de 25 anos. 3,1 milhões, em concreto. Aqui há uns tempos os partidos políticos corriam a cativar os jovens. Distribuíam-lhes favores e até dinheiro de todos, como se fosse milho aos pombos. Chegou a hora das exigências. Dar, sem mais, deixou de ser rentável em resultados de adesão partidária. Os sindicatos vêm sentindo, desde há muito, que os jovens não manifestam interesse por se associar. Multiplicam-se na procura de razões que expliquem este fenómeno, para eles preocupante, mas o panorama não muda. No campo do desporto vêem-se muitos jovens. Mais nas claques de apoio, que na prática desportiva. Também há gente nova a interessar-se pelas artes, sobretudo pela música, e surgem agora, em maior número, os que procuram tornar-se úteis aos outros pela prática do voluntariado social, dando as suas férias, e às vezes mais, para apoiar acções de promoção e de evangelização, em países mais carenciados. É verdade que resta sempre uma multidão que continua no vento ou dando lugar na sua vida apenas a emoções passageiras. Sondagem recente concluía que, nas grandes cidades, “nove em cada dez jovens gozam os tempos livres em centros comerciais”. Na exclusão social abundam jovens que foram perdendo o sentido e o gosto pela vida. A Igreja sempre teve atenção e cuidado pelos jovens. Milhares deles correm para Taizé ou por via de Taizé, à procura de um silêncio orante e de testemunhos que os estimulem a prosseguir. Multidões motivadas peregrinam a Compostela e pelos quatro cantos do mundo, à procura de experiências libertadoras ou a encontrar-se com um Papa idoso, mas para eles fascinante. Grupos paroquiais, milhares dirigentes do CNE. Há minorias que vão afinando critérios e, contra a maré, optam pela “melhor parte”, a consagração a Deus para servir os outros. Por vezes, nem na Igreja se encontrou ainda o modo mais adequado para acolher e tratar com os jovens, nem a capacidade para digerir situações, que para eles são normais, mas que incomodam os adultos. A uma militante leiga, já de cabelos brancos, que me dizia que os jovens que participavam no encontro estragavam tudo, temperei os exageros da sua afirmação e lá lhe fui dizendo ao ouvido, que aqueles jovens, de terras e movimentos diferentes, eram os seus netos… Caiu em si e mudou de tom. O afecto temperou, de imediato, os exageros da sensibilidade e corrigiu os esquemas de uma vida muito certinha. Não se fará nada pelos jovens e com os jovens se não se souber amá-los, entrar no seu mundo, ouvi-los de coração aberto, sentir-se desarmado perante eles, colher o seu mel sem preconceitos, dispor-se a fazer caminho com eles, dar-lhes espaço e tempo, mesmo que o seu tenha uma contagem diferente da dos adultos. Com os jovens pode-se ir mais longe. Umas vezes estugando o passo, outras metendo travões disfarçadamente, mas sempre tentando acertar o ritmo, com alegria e lúcida sabedoria. Os jovens dão rosto à sociedade e à Igreja. Rosto de esperança, sonho, criatividade, utopia. Neles tudo tem o sabor do absoluto ou do nada. Aos adultos sobra experiência e capacidade de relativização, que a eles falta. Podem temperar-se mutuamente. Será bem para todos. O segredo não é ceder, mas propor e acreditar. Com paciência, com amor, com determinação. Eles percebem, quando assim é. António Marcelino* *Bispo de Aveiro

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